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Quais doenças cardíacas podem afetar o ritmo do coração?

Você já sentiu o coração bater rápido demais, devagar ou de forma irregular? Em algumas situações, isso é apenas uma resposta do organismo a fatores como esforço ou estresse. Em outras, pode indicar doenças cardíacas que alteram o ritmo normal do coração.

Nem toda mudança nos batimentos provoca sintomas perceptíveis. Podem surgir como um cansaço leve, tontura ou mal-estar passageiro. Quando o quadro se agrava, há risco de falta de ar, desmaios e outras complicações.

Mesmo sem sinais claros, essas condições comprometem a capacidade do coração de bombear sangue de forma eficiente.

Entender os tipos de doenças que afetam os batimentos cardíacos, reconhecer seus sinais e adotar cuidados diários ajuda a preservar a saúde do coração e evitar problemas mais sérios.

Mas o que exatamente caracteriza uma doença cardíaca? Como o coração funciona quando está saudável, e o que muda quando há falhas no ritmo? Acompanhe os próximos tópicos para entender essas questões com mais profundidade.

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O que são doenças cardíacas e como elas afetam o ritmo do coração?

As doenças cardíacas são condições que comprometem diretamente a estrutura ou o funcionamento do coração. Elas podem afetar o músculo cardíaco, as válvulas, as artérias coronárias e, em muitos casos, o sistema responsável por gerar e conduzir os impulsos elétricos que controlam os batimentos.

Quando há falhas nesse sistema elétrico, o ritmo do coração pode acelerar, desacelerar ou se tornar irregular. Esse tipo de alteração recebe o nome de arritmia e pode ocorrer de forma isolada ou estar associada a outras doenças no coração, como infarto e insuficiência cardíaca.

Algumas arritmias provocam apenas sintomas leves, como palpitações ou sensação de cansaço. Outras comprometem a função de bombeamento e podem levar a complicações mais graves, exigindo diagnóstico preciso e tratamento especializado.

A disfunção no controle elétrico do coração interfere no ritmo natural dos batimentos e, quando não tratada, compromete a distribuição de sangue pelo corpo e reduz a oxigenação dos órgãos.

Doenças cardíacas e cardiovasculares são a mesma coisa?

Embora sejam termos próximos, doença cardíaca e doença cardiovascular não significam a mesma coisa.

As doenças cardiovasculares abrangem todas as condições que afetam o sistema circulatório, incluindo o coração e os vasos sanguíneos. Já as doenças cardíacas dizem respeito apenas às estruturas do coração, como o músculo cardíaco, as válvulas, as artérias coronárias e o sistema elétrico que regula os batimentos.

Por isso, toda doença cardíaca é considerada uma doença cardiovascular. No entanto, nem toda doença cardiovascular envolve diretamente o coração. Um exemplo é o acidente vascular cerebral (AVC), que atinge os vasos sanguíneos do cérebro, sem afetar o órgão cardíaco.

Entender essa diferença ajuda a identificar quais condições alteram o ritmo dos batimentos e quais estão relacionadas a outros componentes da circulação.

Como funciona o ritmo do coração em condições normais?

O coração conta com um sistema elétrico próprio, responsável por coordenar os batimentos de forma regular e eficiente. Em repouso, a frequência costuma variar entre 60 e 100 batimentos por minuto, ajustando-se de forma natural ao esforço físico ou ao descanso.

O sinal elétrico que dá início ao batimento surge em uma pequena região localizada na parte superior do coração, chamada nó sinusal. Ele atua como um marcapasso natural, gerando os sinais que indicam quando o coração deve bater.

A partir desse ponto, o impulso percorre as câmaras superiores do coração, os átrios, e faz com que o sangue avance para as câmaras inferiores, os ventrículos.

Antes de chegar aos ventrículos, o impulso passa por um ponto de controle chamado nó atrioventricular, que desacelera o sinal por um breve momento. Essa pausa permite que o sangue complete o trajeto entre as câmaras.

Na sequência, o impulso segue por fibras especializadas até os ventrículos, que se contraem com força e enviam o sangue para o restante do corpo. 

Todo esse processo ocorre de forma automática, repetitiva e coordenada. Quando o sistema está em equilíbrio, o coração bate de maneira estável, eficiente e adaptada às necessidades do organismo.

Quando o ritmo cardíaco se torna um problema?

O coração nem sempre mantém um ritmo estável. Alterações nos batimentos podem surgir em diferentes momentos da vida e, em muitos casos, não representam risco imediato. 

No entanto, quando ocorrem de forma persistente, sem causa aparente ou acompanhadas de sintomas como tontura, falta de ar ou sensação de desmaio, podem indicar uma condição que exige atenção.

Chamamos de arritmia cardíaca toda alteração no ritmo dos batimentos provocada por falhas na produção ou condução dos sinais elétricos que controlam o coração. Algumas são tão leves que não causam sintomas. 

Outras comprometem o funcionamento do órgão, dificultando o bombeamento de sangue e a oxigenação adequada do corpo.

Identificar o momento em que o ritmo deixa de ser uma variação normal e passa a representar um risco depende de avaliação médica e exames específicos, que serão abordados mais adiante neste conteúdo.

Quais são as principais doenças cardíacas que alteram o ritmo do coração?

Algumas doenças do coração afetam diretamente o sistema elétrico responsável por manter os batimentos regulares. Isso significa que o coração pode bater mais rápido, mais devagar ou de forma irregular, dificultando a circulação adequada do sangue pelo corpo.

A seguir, conheça as condições mais associadas a essas alterações.

Infarto agudo do miocárdio

O infarto acontece quando uma artéria coronária é bloqueada, interrompendo o fluxo de oxigênio para parte do músculo cardíaco. A região afetada pode sofrer danos que comprometem sua capacidade de conduzir sinais elétricos, o que altera o ritmo dos batimentos.

Em situações mais graves, essa interrupção pode desencadear arritmias perigosas, como a fibrilação ventricular, que exigem atendimento imediato. Segundo dados do Ministério da Saúde divulgados pela Revista Veja, o infarto foi uma das principais causas de morte no Brasil em 2024, com mais de 56 mil registros.

Taquicardia

A taquicardia ocorre quando o coração bate mais rápido do que o esperado, com frequência acima de 100 batimentos por minuto em repouso. Isso pode acontecer em situações normais, como esforço físico, estresse ou febre.

Mas quando a aceleração surge sem causa aparente ou é persistente, pode indicar uma alteração no sistema elétrico do coração. Palpitações, tontura, desconforto no peito e sensação de batimentos irregulares estão entre os sintomas mais comuns.

Fibrilação atrial

Na fibrilação atrial, os batimentos se tornam irregulares porque as câmaras superiores do coração, chamadas átrios, perdem a coordenação dos impulsos elétricos. Isso faz com que o coração bata de forma desorganizada e menos eficiente.

Essa condição aumenta o risco de formação de coágulos dentro do coração, o que pode levar a um acidente vascular cerebral (AVC) se o coágulo for levado à corrente sanguínea. É uma das arritmias mais comuns, especialmente em pessoas com mais de 60 anos.

Bradicardia

Quando o coração bate mais devagar do que o esperado, abaixo de 60 batimentos por minuto, o quadro recebe o nome de bradicardia. Em pessoas com bom condicionamento físico, essa lentidão pode ser natural e até benéfica.

No entanto, quando não há uma causa fisiológica envolvida, o coração pode não conseguir bombear sangue com eficiência. Isso compromete a oxigenação dos tecidos e leva a sintomas como cansaço, tontura, fraqueza e desmaios. Em situações persistentes, pode ser necessário o uso de marcapasso para regular o ritmo.

Síndrome do nó sinusal

O nó sinusal é uma estrutura localizada na parte superior do coração e tem a função de iniciar cada batimento. Quando essa atividade está comprometida, o ritmo pode se tornar lento, irregular ou alternar entre aceleração e pausa.

O quadro é conhecido como síndrome do nó sinusal. Ele afeta principalmente pessoas idosas e costuma causar sintomas como fadiga intensa, tontura, palpitações e episódios de desmaio. O diagnóstico geralmente envolve exames que acompanham o ritmo cardíaco ao longo do dia, como o monitor Holter.

Cardiomiopatia

A cardiomiopatia é um grupo de doenças que provocam alterações no músculo do coração. Quando a musculatura perde força, torna-se mais rígida ou se dilata, o coração passa a ter dificuldade para bombear o sangue de forma eficiente.

A alteração no funcionamento também impacta a condução dos sinais elétricos, favorecendo o surgimento de arritmias. Na forma dilatada, por exemplo, o risco de insuficiência cardíaca e eventos graves, como morte súbita, aumenta devido à desorganização do ritmo cardíaco.

Quais são os fatores de risco para doenças do coração?

As doenças do coração não acontecem de forma isolada. Em grande parte dos casos, elas estão associadas a fatores que aumentam a chance de alterações no funcionamento cardíaco ao longo do tempo.

Alguns desses fatores podem ser controlados com mudanças de hábitos, enquanto outros dependem de aspectos biológicos ou genéticos.

Entre os fatores de risco não modificáveis, estão:

  • Histórico familiar de doenças cardíacas;
  • Envelhecimento natural do organismo;
  • Condições congênitas que afetam a estrutura ou o ritmo do coração.

Já os fatores modificáveis estão diretamente ligados ao estilo de vida e, por isso, podem ser prevenidos ou controlados com acompanhamento médico e adoção de hábitos saudáveis. São eles:

  • Tabagismo;
  • Hipertensão arterial;
  • Colesterol elevado;
  • Diabetes tipo 2;
  • Obesidade;
  • Sedentarismo;
  • Consumo excessivo de álcool;
  • Alimentação rica em gorduras saturadas e ultraprocessados;
  • Estresse crônico.

A presença de múltiplos fatores de risco aumenta as chances de desenvolver doenças que afetam diretamente o ritmo do coração. Por isso, manter o controle dessas condições é uma forma eficaz de prevenir arritmias e outras complicações cardíacas.

Como é feito o diagnóstico e o tratamento de doenças cardíacas?

O diagnóstico das alterações no ritmo cardíaco começa com a avaliação dos sinais clínicos e do histórico da pessoa. Episódios de mal-estar, sensação de batimentos descompassados, cansaço frequente ou desmaios eventuais podem levantar a suspeita de arritmias.

Para confirmar o diagnóstico e entender o comportamento do ritmo cardíaco, o profissional pode solicitar exames específicos. Os mais comuns incluem:

  • Eletrocardiograma (ECG): registra a atividade elétrica do coração em tempo real, ajudando a identificar arritmias, bloqueios ou batimentos irregulares;
  • Monitor Holter: faz um registro contínuo do ritmo cardíaco por 24 horas ou mais, permitindo observar variações ao longo do dia;
  • Teste ergométrico: avalia a resposta do coração ao esforço físico, útil para identificar alterações que não aparecem em repouso;
  • Ecocardiograma: mostra as estruturas do coração em movimento, identificando alterações no músculo, válvulas e fluxo de sangue.

Quando uma alteração no ritmo é confirmada, o tratamento depende do tipo de arritmia, da gravidade do quadro e da presença de outras doenças cardíacas. As opções podem incluir:

  • Uso de medicamentos para controlar a frequência ou regular o ritmo;
  • Implante de marcapasso em casos de bradicardia sintomática;
  • Ablação por cateter, indicada para corrigir circuitos elétricos anormais;
  • Cardioversão elétrica, que restabelece o ritmo adequado em algumas arritmias.

Hábitos que ajudam na prevenção de doenças cardíacas

A maioria das doenças cardíacas está relacionada a fatores que podem ser controlados no dia a dia. 

Embora nem sempre seja possível eliminar completamente os riscos, a adoção de hábitos saudáveis reduz significativamente as chances de desenvolver alterações nos batimentos cardíacos.

Veja algumas atitudes que contribuem para manter o coração em equilíbrio:

  • Praticar atividades físicas regularmente, de acordo com a orientação médica;
  • Manter uma alimentação equilibrada, rica em vegetais, frutas, grãos integrais e com baixo teor de sódio e gorduras saturadas;
  • Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool, que afetam diretamente a saúde cardiovascular;
  • Controlar os níveis de colesterol, pressão arterial e glicemia, com acompanhamento profissional;
  • Reduzir o estresse cotidiano, adotando estratégias que favoreçam o bem-estar mental;
  • Dormir bem e respeitar o ritmo do corpo, já que a privação de sono também influencia os batimentos cardíacos;
  • Fazer check-ups regulares, mesmo na ausência de sintomas.

A saúde do coração depende de atenção constante, especialmente quando o objetivo é prevenir doenças cardíacas e identificar alterações que nem sempre apresentam sintomas.

Para se manter bem informado e acompanhar novidades sobre o tema, acesse o blog da BIOTRONIK.