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O que é bloqueio atrioventricular? Entenda a condição e seus riscos

Receber o diagnóstico de bloqueio atrioventricular sempre traz incertezas. Para muitos pacientes, é a primeira vez que ouvem o termo e, naturalmente, surgem dúvidas sobre o que significa essa alteração e como ela afeta o funcionamento do coração

O bloqueio atrioventricular é uma alteração no sistema elétrico do coração que interfere na condução do estímulo entre os átrios e os ventrículos. Essa comunicação é necessária para que o coração bata de forma coordenada e eficaz. Quando há um bloqueio nesse processo, o ritmo cardíaco pode desacelerar ou se tornar irregular.

Ao longo deste conteúdo, você vai entender o que é e quais são os tipos da condição, suas causas, sintomas mais frequentes e as opções de tratamento. Também vamos falar sobre a importância do diagnóstico e do acompanhamento especializado, principalmente em casos mais avançados, como o BAVT. Acompanhe a leitura! 

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O que é bloqueio atrioventricular?

O coração humano possui um sistema elétrico próprio, responsável pelo controle dos batimentos cardíacos. Esse sistema gera e envia sinais elétricos que começam nos átrios e seguem até os ventrículos, fazendo com que o coração se contraia de forma coordenada, resultando assim no batimento cardíaco.

O bloqueio atrioventricular ocorre quando há um atraso ou interrupção parcial, ou total, na condução desse sinal entre os átrios e os ventrículos. A falha na condução altera o ritmo cardíaco e faz com que os batimentos fiquem mais lentos ou irregulares.

O local onde esse bloqueio acontece é chamado de nó atrioventricular (ou nó AV), uma estrutura que conecta o sistema elétrico das câmaras superiores e inferiores do coração. Quando essa “ponte” apresenta falhas, a comunicação entre átrio e ventrículo fica comprometida, e o desempenho do coração pode ser afetado.

É importante destacar que o bloqueio atrioventricular não é uma condição única. Existem diferentes graus e tipos, que variam em gravidade e na forma como afetam o coração. Por isso, o diagnóstico correto e o acompanhamento médico são indispensáveis para entender a necessidade de tratamento e monitoramento.

Tipos de bloqueio atrioventricular (BAV)

De forma geral, o bloqueio é dividido em três graus: primeiro, segundo e terceiro. Essa classificação ajuda a determinar se a alteração é leve, moderada ou mais severa, além de orientar a melhor forma de acompanhamento e tratamento.

Nos tópicos a seguir, vamos explicar cada um desses tipos com mais detalhes.

Bloqueio atrioventricular de primeiro grau

O bloqueio atrioventricular de primeiro grau é a forma mais leve dessa condição. Ele ocorre quando há um atraso na condução elétrica entre os átrios e os ventrículos, mas o sinal ainda consegue seguir seu caminho, mesmo que com uma velocidade menor do que o normal.

Esse tipo de bloqueio geralmente não tem sintomas e é descoberto por acaso, em um exame de rotina, como o eletrocardiograma. Apesar disso, é uma alteração que merece atenção, especialmente se for acompanhada de outras condições cardíacas ou se houver histórico familiar de distúrbios do ritmo.

Entre as causas mais comuns do bloqueio atrioventricular de primeiro grau estão:

Geralmente, não há necessidade de tratamento específico, apenas de acompanhamento médico periódico. No entanto, quando o bloqueio evolui ou aparece com outros sintomas, como cansaço fora do comum ou tonturas, o cardiologista pode indicar exames complementares para investigar melhor o quadro.

Bloqueio atrioventricular de segundo grau

O bloqueio atrioventricular de segundo grau acontece quando nem todos os sinais elétricos conseguem passar dos átrios para os ventrículos. Ou seja, parte dos batimentos esperados acaba sendo “perdida”, o que pode interferir diretamente no ritmo do coração. Aqui, a condição costuma ser mais instável e requer avaliação cuidadosa.

Existem duas formas principais desse tipo de bloqueio, assim classificadas em termos médicos:

  • Mobitz I (ou Wenckebach): quando os impulsos elétricos vão se atrasando progressivamente até que um deles deixe de ser conduzido. Esse tipo, na maioria das vezes, tem caráter benigno, pode ser reversível e pode não causar sintomas significativos.
  • Mobitz II: o bloqueio acontece de maneira súbita, sem atrasos prévios, o que o torna mais imprevisível e potencialmente mais sério.

Entre os sintomas mais comuns estão: cansaço, tonturas, sensação de desmaio e palpitações. Quando o bloqueio é mais leve, esses sinais podem passar despercebidos. De qualquer forma, é importante observar qualquer mudança no ritmo cardíaco ou na disposição física e relatar ao médico.

O Mobitz II é considerado mais preocupante porque tem maior risco de progressão para o bloqueio total (terceiro grau). Por isso, é comum que o cardiologista solicite exames mais detalhados e indique um monitoramento mais próximo. Em determinadas situações, pode ser necessário o implante de um marcapasso, mas a decisão depende da avaliação clínica individual.

Bloqueio atrioventricular de terceiro grau (BAVT ou bloqueio total)

O bloqueio atrioventricular de terceiro grau, também conhecido como BAVT ou bloqueio total, é a forma mais grave da condição. Nesse caso, há uma interrupção completa da condução elétrica entre os átrios e os ventrículos, ou seja, os sinais enviados pelas câmaras superiores do coração não chegam mais aos ventrículos, que passam a bater por conta própria, porém em um ritmo muito mais lento e desorganizado, denominado “escape” – e é assim denominado por ser um mecanismo de defesa do coração, “escapando” de uma parada total dos batimentos.

A resultante dissociação elétrica entre os átrios e os ventrículos compromete a capacidade do coração de bombear o sangue de forma eficiente para o corpo. Por isso, é comum que pacientes com BAVT apresentem sintomas mais evidentes, como tontura intensa, cansaço extremo, falta de ar, dor no peito e desmaios (síncope).

Além do impacto direto na qualidade de vida, o bloqueio total aumenta o risco de complicações graves, como insuficiência cardíaca e até morte súbita, principalmente quando não é identificado e tratado adequadamente. O diagnóstico rápido é fundamental para definir a melhor conduta.

Habitualmente, o tratamento indicado é o implante de um marcapassodispositivo que assume o papel do sistema elétrico natural para garantir que o coração mantenha um ritmo adequado e seguro. 

A avaliação do cardiologista é fundamental do ponto de vista clínico, porque cada caso exige uma abordagem personalizada, levando em conta sintomas, idade, presença de outras doenças e riscos associados.

Quais são as causas do bloqueio atrioventricular?

O bloqueio atrioventricular pode aparecer por diferentes motivos. Em algumas pessoas, ele está relacionado ao processo natural de envelhecimento, quando o sistema elétrico do coração começa a apresentar desgaste. Em outras, a condição é desencadeada por doenças, uso de certos medicamentos ou alterações congênitas.

Os fatores mais comuns associados ao desenvolvimento de um bloqueio são:

  • Doença degenerativa do sistema de condução cardíaco;
  • Cardiopatia isquêmica (como infarto do miocárdio);
  • Hipertensão arterial (pressão alta, especialmente se não estiver bem controlada/tratada);
  • Miocardites (inflamações do músculo do coração);
  • Doenças autoimunes, como lúpus;
  • Doenças infecciosas, como doença de Chagas ou febre reumática;
  • Cirurgias cardíacas ou intervenções médicas;
  • Uso de medicamentos que afetam a condução elétrica, como betabloqueadores ou bloqueadores dos canais de cálcio;
  • Distúrbios metabólicos, como alterações de potássio e magnésio;
  • Condições congênitas (quando o bloqueio está presente desde o nascimento).

Muitas vezes, o bloqueio atrioventricular é identificado de forma incidental, durante exames de rotina, daí a importância de manter um acompanhamento médico regular.

Como o bloqueio atrioventricular é diagnosticado?

O diagnóstico do bloqueio atrioventricular é feito por meio de exames que avaliam a atividade elétrica do coração. O mais comum deles é o eletrocardiograma (ECG), exame simples, não invasivo e amplamente disponível, que identifica a presença de atrasos ou interrupções na condução do estímulo elétrico entre os átrios e os ventrículos.

Mas, ocasionalmente, o ECG de repouso não é suficiente para detectar o bloqueio, principalmente quando ele é intermitente. Nesse caso, o médico pode solicitar o Holter de 24 horas, um tipo de monitoramento contínuo do ritmo cardíaco ao longo de um dia inteiro. Esse exame ajuda a capturar alterações que ocorrem em momentos específicos — durante o sono, atividade física ou episódios de tontura.

O cardiologista ainda pode indicar testes complementares, como o teste ergométrico (teste de esforço), o ecocardiograma para avaliar a estrutura do coração ou, em situações específicas, exames de imagem mais avançados. O objetivo é compreender a presença do bloqueio, as possíveis causas e o impacto no funcionamento cardíaco.

Quais as opções de tratamento?

O tratamento do bloqueio atrioventricular depende do tipo e do grau, da presença de sintomas e de outras condições cardíacas associadas. Nem todos os casos precisam de intervenção imediata. Em muitos pacientes, principalmente nos graus mais leves, o acompanhamento periódico com o cardiologista já é suficiente.

Entre as opções de tratamento possíveis estão:

  • Acompanhamento clínico regular, com exames de rotina para monitorar o ritmo cardíaco;
  • Ajustes ou suspensão de medicamentos que possam estar contribuindo para o bloqueio;
  • Tratamento das causas associadas, como infecções ou distúrbios metabólicos;
  • Implante de marcapasso, nos casos mais avançados ou sintomáticos, especialmente no bloqueio de segundo grau tipo Mobitz II e no bloqueio de terceiro grau (BAVT).

A decisão sobre o melhor tratamento deve ser feita pelo médico cardiologista, com base em uma avaliação completa do quadro clínico. O acompanhamento especializado é fundamental para a segurança e a qualidade de vida ao paciente.

Bloqueio atrioventricular tem cura?

A resposta para essa pergunta depende do tipo de bloqueio atrioventricular, da causa por trás da condição e da presença de sintomas. Em alguns casos, o bloqueio é transitório e desaparece após o tratamento da causa subjacente.

No entanto, quando o bloqueio é causado por alterações estruturais ou degenerativas no sistema elétrico do coração, o quadro tende a ser permanente. Isso significa que o coração pode continuar apresentando dificuldade na condução elétrica, exigindo monitoramento contínuo e, quando aplicável, intervenção com marcapasso para manter o ritmo adequado.

É importante destacar que, mesmo quando o bloqueio não tem cura definitiva, existem formas seguras e eficazes de controlar seus efeitos. O implante de marcapasso, quando indicado, possibilita que o coração volte a funcionar com segurança e regularidade, trazendo qualidade de vida ao paciente. 

De toda forma, o acompanhamento com o cardiologista é o melhor caminho para entender as particularidades de cada caso e ter a certeza de que todas as decisões sejam tomadas com base em evidências e critérios médicos bem definidos.

Quando procurar um cardiologista?

Sentir que algo está diferente no ritmo do coração, mesmo que sutil, já é um motivo suficiente para buscar orientação médica. Tontura frequente, fadiga excessiva, sensação de desmaio ou batimentos muito lentos são sinais que merecem investigação especializada.

O acompanhamento com um cardiologista é recomendado sempre que houver suspeita de alterações no sistema de condução elétrica do coração. Isso vale tanto para quem já tem um diagnóstico confirmado quanto para quem realizou um exame de rotina e teve algum achado inesperado. 

O acesso a informações confiáveis e orientação especializada fazem toda a diferença na forma como você lida com a sua saúde. A BIOTRONIK desenvolve tecnologias e conteúdos dedicados ao cuidado cardiovascular, com o compromisso de apoiar médicos e pacientes em cada etapa da jornada. 

Acompanhe nossas publicações no blog para continuar aprendendo sobre o funcionamento do coração e os avanços no tratamento das arritmias.